«O BOM LIVRO É AQUELE QUE SE ABRE COM INTERESSE E SE FECHA COM PROVEITO»

AMOS ALCOTT

O Pacto - O Crime de Ter Nascido

quinta-feira, 10 de março de 2011

| | | 9 Páginas
Sinopse: «Planeta Terra, ano 2140. A ciência oferece aos humanos a possibilidade de se tornarem imortais, mas, dada a escassez de recursos, a imortalidade só é garantida à custa da renúncia à descendência. O Pacto é o compromisso que sela tal decisão. Quebrá-lo é ir contra as leis da Natureza, e as consequências são aterradoras. Anna conhece-as demasiado bem. É uma Excedente, uma criança que não deveria ter nascido. Desde bebé que está em Grange Hall, a instituição que prepara todos os Excedentes para o terrível destino que os espera no mundo exterior. Mas um dia recebe a visita de Peter, um jovem Excedente que vem revolucionar para sempre a sua visão de si própria e do mundo… Uma estreia absolutamente original.?»




2140... Já se descobriu a cura para a morte: a Longevidade. E, face à Imortalidade temos: os Legítimos e os Excedentes (cujos nomes dizem tudo…)

Esta é então a história de Anna Covey, ou então, como nos é apresentada inicialmente: Excedente Anna.
A personagem principal é, assim, uma Excedente em Grange Hall, um centro de Excedentes, onde estes são formados e educados a ser invisíveis e servir os Legítimos, e é sobre esta perspectiva que ficamos a conhecer este mundo.
Anna vive em Grange Hall desde muito nova e este centro é para si a sua casa. É considerada Excedente Responsável, ou seja, umas das melhores Excedentes. E Anna é o melhor exemplo que encontramos no livro da mensagem que passam a estas crianças: Viver para servir e total desvalorização por si mesmos.

“- Nós somos Excedentes -respondeu em voz neutra. - Não queremos nada. Não temos direito a ter desejos. Estamos cá para servir."

Ficamos então, através de Anna, a conhecer o dia-a-dia destas crianças, que são ensinadas a Odiar os seus pais e de que não merecem viver. Só esta lavagem cerebral é revoltante, mas muito mais revoltantes são os castigos físicos a que são submetidos.

E é chocante e revoltante ver crianças a crescer neste ambiente, vê-las odiarem a si mesmas e aos seus pais, que nunca conhecerem ou não se lembram. E é chocante e revoltante ver como a sociedade trata estas crianças, como as odeia e despreza e como luta contra elas, considerando que não merecem viver e que servem apenas para esgotar os parcos recursos naturais que existem. Encontramos aqui uma humanidade egoísta! Desumana!

De forma geral achei que o livro coloca algumas questões interessantes sobre a imortalidade, mas por outro lado sinto que não acrescentou nada de novo.
A história em si é de certo modo previsível... mas a certo ponto torna-se mesmo tristemente previsível.
Em relação às personagens: achei-as superficiais e até incoerentes! Isto é, embora tenhamos algumas personagens mais consistentes, temos outras que, para mim, simplesmente não o foram.
Não me pareceu razoável que alguém que foi ensinado desde que se lembra que o mundo é assim porque é assim, que os Pais são criaturas desprezíveis e que as regras são para cumprir, que no espaço de um capítulo mude radicalmente de ideias e opiniões. Não sei como me explicar sem spoilar muito, mas não me parecem razoáveis estas mudanças de posição por parte de algumas personagens.

É, ainda assim, um livro que se lê bastante bem... Incentiva a continuação da leitura durante grande parte do enredo.
No entanto, foi para mim uma desilusão. De certa forma não era isto que esperava encontrar quando o comecei a ler e mesmo moderando as expectativas sabendo que se trata de um livro Juvenil, não posso deixar de admitir que me desiludiu. Foi uma Leitura “simpática” mas não me convenceu....