«O BOM LIVRO É AQUELE QUE SE ABRE COM INTERESSE E SE FECHA COM PROVEITO»

AMOS ALCOTT

O Pacto - O Crime de Ter Nascido

quinta-feira, 10 de março de 2011

| | | 14 Páginas
Sinopse: «Planeta Terra, ano 2140. A ciência oferece aos humanos a possibilidade de se tornarem imortais, mas, dada a escassez de recursos, a imortalidade só é garantida à custa da renúncia à descendência. O Pacto é o compromisso que sela tal decisão. Quebrá-lo é ir contra as leis da Natureza, e as consequências são aterradoras. Anna conhece-as demasiado bem. É uma Excedente, uma criança que não deveria ter nascido. Desde bebé que está em Grange Hall, a instituição que prepara todos os Excedentes para o terrível destino que os espera no mundo exterior. Mas um dia recebe a visita de Peter, um jovem Excedente que vem revolucionar para sempre a sua visão de si própria e do mundo… Uma estreia absolutamente original.?»




2140... Já se descobriu a cura para a morte: a Longevidade. E, face à Imortalidade temos: os Legítimos e os Excedentes (cujos nomes dizem tudo…)

Esta é então a história de Anna Covey, ou então, como nos é apresentada inicialmente: Excedente Anna.
A personagem principal é, assim, uma Excedente em Grange Hall, um centro de Excedentes, onde estes são formados e educados a ser invisíveis e servir os Legítimos, e é sobre esta perspectiva que ficamos a conhecer este mundo.
Anna vive em Grange Hall desde muito nova e este centro é para si a sua casa. É considerada Excedente Responsável, ou seja, umas das melhores Excedentes. E Anna é o melhor exemplo que encontramos no livro da mensagem que passam a estas crianças: Viver para servir e total desvalorização por si mesmos.

“- Nós somos Excedentes -respondeu em voz neutra. - Não queremos nada. Não temos direito a ter desejos. Estamos cá para servir."

Ficamos então, através de Anna, a conhecer o dia-a-dia destas crianças, que são ensinadas a Odiar os seus pais e de que não merecem viver. Só esta lavagem cerebral é revoltante, mas muito mais revoltantes são os castigos físicos a que são submetidos.

E é chocante e revoltante ver crianças a crescer neste ambiente, vê-las odiarem a si mesmas e aos seus pais, que nunca conhecerem ou não se lembram. E é chocante e revoltante ver como a sociedade trata estas crianças, como as odeia e despreza e como luta contra elas, considerando que não merecem viver e que servem apenas para esgotar os parcos recursos naturais que existem. Encontramos aqui uma humanidade egoísta! Desumana!

De forma geral achei que o livro coloca algumas questões interessantes sobre a imortalidade, mas por outro lado sinto que não acrescentou nada de novo.
A história em si é de certo modo previsível... mas a certo ponto torna-se mesmo tristemente previsível.
Em relação às personagens: achei-as superficiais e até incoerentes! Isto é, embora tenhamos algumas personagens mais consistentes, temos outras que, para mim, simplesmente não o foram.
Não me pareceu razoável que alguém que foi ensinado desde que se lembra que o mundo é assim porque é assim, que os Pais são criaturas desprezíveis e que as regras são para cumprir, que no espaço de um capítulo mude radicalmente de ideias e opiniões. Não sei como me explicar sem spoilar muito, mas não me parecem razoáveis estas mudanças de posição por parte de algumas personagens.

É, ainda assim, um livro que se lê bastante bem... Incentiva a continuação da leitura durante grande parte do enredo.
No entanto, foi para mim uma desilusão. De certa forma não era isto que esperava encontrar quando o comecei a ler e mesmo moderando as expectativas sabendo que se trata de um livro Juvenil, não posso deixar de admitir que me desiludiu. Foi uma Leitura “simpática” mas não me convenceu....

John Lennon Nunca Morreu

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

| | | 2 Páginas
Sinopse:«Este livro apresenta sete contos que conjugam fantasia, magia, sobrenatural e improvável.Entrando directamente na mente e nas emoções das personagens, cada história procura ser, ao mesmo tempo, visão imaginária e reflexo de sentimentos.» (Perdoem-me não colocar a breve sinopse de cada um dos contos, mas poderão sempre vê-la no blog dedicado à obra, aqui, assim como obter qualquer outra informação relativamente à mesma.)





Eu normalmente tenho um problema com os contos… sabem-me sempre a pouco e quando me cativam fico com pena não ver a história mais desenvolvida!
Neste caso, em alguns dos contos isso acabou por acontecer, no entanto, em outros achei que estava exactamente no ponto.

São então sete contos, sete histórias!
Poderia falar um pouco sobre cada um deles em particular, mas a verdade é que me seria difícil não me repetir ou dar grandes spoilers. E por isso, farei apenas uma apreciação geral… destacando ainda alguns contos!

Como disse, são então sete contos, sete histórias e sete mensagens! A verdade é que encontrei na simplicidade dos contos sempre uma mensagem! De forma mais implícita ou de forma mais explícita ela estava lá. Uma mensagem, uma lição de vida ou para a vida! Ficamos então a saber sobre Amor, sobre Sacrifício, sobre a Vida, sobre o Tempo, sobre Consequências e sobre muito mais! Acho que a autora tinha algumas mensagens a passar e digo desde já que chegaram muito bem a este lado!

Gostei imenso de ler os contos sobre a Natureza, sobre a Vida e o Amor (que de certa forma facilmente se interligam e formam um todo), pois encontrei neles uma grande força nas palavras e personagens. E se no inicio do livro este é dedicado a Juliet Marillier por ser alguém que inspira a autora, eu, pelo menos, posso dizer que em certos aspectos consegui ver isso =)

Em particular, posso dizer que o conto de que gostei menos foi “E nada mais importa”, seguido do “John Lennon Nunca Morreu”. Sim, eu sei. É o grande conto que dá o título ao livro, mas a verdade é que não me cativaram. Achei a base semelhante assim como a mensagem e foi talvez por isso que foi destes dois de que menos gostei, por se assemelharem. Contudo, não posso apontar nenhum “defeito” em particular. A temática em si simplesmente não me cativou.
Por outro lado, o conto de que mais gostei foi “Pequenos Demónios”. Este conto embora que Fantasia, assim como os restantes, é para mim, o que de certo ponto de vista, menos de fantástico tem, tornando-se até bem real! Foi simples, foi negro e foi muito bom!
O segundo preferido foi “Espelhos”. Também gostei imenso. Fez-me lembrar Oscar Wilde, por seu lado. ^^ Uma verdade sobre a humanidade! Liked it!

Acho que não tenho muito a acrescentar. Gostei! Foram sete momentos muito bem passados e sete mensagens a relembrar!
Acho realmente que a Catarina ganhou com isso! Criar uma linha curiosa e difícil de definir entre a realidade e a fantasia, tornando certos momentos tão longe mas tão perto. Eu pelo menos senti isso!


Ah, e mais uma coisinha: Achei de facto muito curioso o factor Tempo presente em todos ou quase todos os contos. De uma forma ou de outra ele está lá! Ou por um recuo no tempo através da tecnologia, ou por um passado alternativo, ou apenas por um recorrer a uma memória e conhecermos a história através de uma analepse. Pode não parecer nada, mas a mim foi algo que realmente me saltou à vista e me intrigou. Mas a verdade é que gostei! ^^

Resumindo... Pode não ser uma obra-prima, mas são Bons contos! Gostei muito de passar por estes mundos da Catarina =)

Divulgação: Donzela Sagrada, de Diana Tavares

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

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Donzela Sagrada - O Segredo de Thunderland

Chegou a hora… Hana Warren, uma rapariga do nosso mundo, festeja o seu 14º aniversário com a sua família. Depois do aparecimento da Aurora Boreal no céu, Hana é transportada para outro mundo, um mundo onde a mitologia é a realidade. Neste mundo, Hana descobre que é a Horae Justiceira, uma guerreira dos deuses, destinada a combater as criaturas das trevas e a proteger ambos os mundos. Juntamente com Prue Geller, a Horae Discípula, Hana inicia uma viagem pelo misterioso reino de Thunderland, procurando uma forma de cumprir o seu destino e voltar para o seu mundo. Mas Thunderland tem um segredo sombrio que pode destruir todos os mundos…e que mudará a vida de Hana para sempre.



Sobre a autora:
Diana Tavares tem 18 anos e vive em Almada, com os pais e o irmão, desde que nasceu. Estuda neste momento na Universidade Lusófona, em Lisboa. Participou no concurso literário "Projecto Português Com Vida" da qual foi merecedora de uma menção honrosa na categoria de crónicas e curtas narrativas. "DONZELA SAGRADA" é a sua série de estreia, que contará com dois livros.




Que tal vos parece? =D

O preço do livro é 15€ e podem aquirir um exemplar na fnac por exemplo... ou pedir um exemplar autografado contactando a autora através do seguinte mail: horaediana@gmail.com

Lançamento: John Lennon Nunca Morreu, e outros contos fantásticos, de Catarina Coelho

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

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Lembram-se em Dezembro quando vos falei sobre este livro? (aqui)

Pois bem, há novidades!

O lançamento está marcado e confirmado para dia 13 de Fevereiro, já este Domingo, na Bertrand do Fórum Montijo, pelas 17 horas!

Estão ainda disponíveis alguns excertos dos contos, que vos deixo aqui para poderem espreitar:

(Mas antes disso! Relembro que todas estas informações estão também disponíveis no blogue dedicado à obra (aqui), que também poderão seguir através do Facebook (aqui))

John Lennon Nunca Morreu:
Lembrava-se perfeitamente da primeira vez em que tinha tido contacto com a música de John Lennon e dos Beatles. As memórias estavam muito claras na sua cabeça: conseguia ver os lugares, imaginar as pessoas, recordar as sensações.
Na altura, tinha doze anos e começara a interessar-se a sério pela música. Os seus pais queriam oferecer-lhe uma prenda de aniversário e ele pedira para o levarem a uma loja de CDs. Queria procurar por lá algo que lhe agradasse realmente, algo diferente da música que geralmente passava nas rádios. Tinha bem presente na memória a loja a que o tinham levado: uma loja pequena, como as que havia na altura e que agora já não existiam. Não demorara muito a reparar num CD que estava em destaque: uma antologia da carreira a solo de John Lennon. Tinha pedido para ouvir e, tal como era costume nessas pequenas lojas, a vendedora pusera o CD a tocar numa aparelhagem. Enquanto a senhora passava rapidamente de canção em canção, para que ficasse com uma ideia de como era o CD, ele absorvia os escassos minutos de cada música que lhe era permitido ouvir, não conseguindo deixar de pensar “É isto, é mesmo isto que procurava!”.
Também se recordava do impacto que cada canção tivera em si, quando, já em casa, ouvira todo o CD várias vezes. Não demorara a comprar o seu primeiro álbum dos Beatles e a seguir vieram todos os outros da banda, bem como os álbuns dos membros do grupo, nas suas carreiras a solo. Cada canção fora para ele uma descoberta maravilhosa, uma fonte de inspiração, um refúgio, uma companhia e, por vezes, até um consolo. A música dos Beatles tinha-o marcado como nenhuma outra alguma vez fora capaz de o fazer.

A troca:
Quando fecho os olhos e me concentro, a minha mente oferece-me um presente de várias imagens, as quais ficaram nela gravadas de tal forma que é impossível pensar que um dia se desvanecerão. São quadros vivos, cheios de movimento e sons, como se eu estivesse novamente a viver aqueles momentos da minha infância. Neles, vejo a minha irmã gémea a correr ao meu lado, num dia de Primavera, avançando em direcção ao coração da floresta. Os cabelos cor de fogo soltos, acariciados pela brisa, o rosto corado da corrida, o vestido leve, que usávamos para os
nossos passeios na floresta, esvoaçando à sua volta. Por cima de nós, os ramos floridos das robustas árvores, que o sol suave fazia brilhar e de onde desciam os sons das aves e dos esquilos. Também a vejo junto ao rio, observando, com os seus olhos pensativos, as águas calmas, espelho da imensidão que nos rodeava, e deitada nos tapetes de flores, sentindo o seu aroma.
Eu e Stella tivemos a sorte de crescer junto à floresta e partilhar com ela as belezas da Natureza. O nosso pai era dono de uma imensidão de terras e nós vivíamos naquela que incluía aquele tesouro de árvores, flores, plantas e animais. A nossa casa situava-se na orla do mesmo.
Até aos dezoito anos, a nossa vida foi repleta de paz e, posso dizê-lo com toda a certeza, éramos muito felizes. Na nossa infância, como é costume acontecer entre gémeos, não só tínhamos personalidades muito parecidas, como éramos muito unidas. No entanto, à medida que fomos crescendo, as diferenças entre nós foram aumentando. Stella tornou-se uma jovem silenciosa, fechada no seu próprio mundo, ao qual nem eu tinha grande acesso, mas via-se nos seus olhos e nas suas expressões que se sentia bem consigo própria e com a sua vida.
Pouco depois de completarmos dezoito anos, porém, houve um acontecimento que mudou tudo para sempre.


O Sacrifício:
Faz parte da tradição do meu povo contar histórias. Lendas sobre a nossa vinda para aqui, acontecimentos que tiveram lugar quando já estávamos nesta terra e tantas outras histórias que fazem brilhar os olhos dos mais pequenos e arrancam sorrisos aos anciãos, à noite, em volta das lareiras. Eu nunca tive muito jeito para fazer o papel de contadora. No entanto, há uma história dentro de mim que, sinto, chegou a altura de sair, abrir as asas e voar, como uma ave que passou muito tempo em cativeiro. Durante vários anos, escondi esta história no interior de mim mesma. Agora, penso, já não faz sentido e, se há uma história que julgo que conseguirei contar, é esta, uma história sobre a minha família.
Tudo se passou há muito tempo, quando eu era jovem. No entanto, lembro-me do dia em que tudo começou, como se estivesse a ver os sítios e os acontecimentos a desenrolarem-se perante os meus olhos. Estávamos no começo da Primavera e os campos à volta da fortaleza resplandeciam em toda a sua beleza, verdes e brilhantes ao suave sol primaveril. Um pouco mais longe, as árvores do bosque tinham-se enchido de delicadas flores brancas. Eu encontrava-me numa das torres da fortaleza, um dos meus locais preferidos. Dali era possível ver tudo o que me rodeava. Estava a coser, mas, de vez em quando, fazia uma pausa no meu trabalho e observava a paisagem. Foi numa dessas paragens que o vi pela primeira vez, acompanhado por dois dos homens do meu pai, que era o senhor daqueles domínios. Caminhavam na direcção da fortaleza. Questionei-me quem seria e por que razão os guardas, apesar de não o trazerem preso, se mantinham bem perto dele, como se se sentissem desconfiados. Não demoraria muito a descobrir. Nessa noite, fiquei a saber as respostas a estas perguntas.

E nada mais importa:
O ténue luar dessa noite iluminava a estação de comboios quando ela chegou e se dirigiu às máquinas onde se compravam os bilhetes. A jovem olhou para cima e, durante uns momentos, fixou a lua com os seus olhos melancólicos. Esse mesmo olhar perdido dispersou-se em seguida pelo elevado número de pessoas que esperavam impacientemente o último comboio, o qual partiria dali a vinte minutos, à meia-noite. Suspirou profundamente, comprou o bilhete e encaminhou-se para um canto solitário da estação, onde se sentou e se prontificou a esperar. Não tinha pressa. Não havia nada à sua espera em casa. Nem lá nem em qualquer outro lugar.
Os mesmos olhos que há momentos tinham fixado a lua pousavam agora, com um brilho triste, no traçado dos carris, e, na realidade, não observavam nada, estavam virados para dentro, contemplando somente a angústia interior. O que estava ela a fazer ali? O que ia fazer para casa? Tudo parecia tão sem sentido… Já não sabia há quanto tempo se arrastava pelo mundo sem saber porquê nem para quê. Arrastava-se simplesmente, sobrevivia à passagem
dos dias, como se estes fossem fardos pesados que tinha de carregar… Não eram raras as ocasiões em que não aguentava mais a opressão dentro do seu peito, o frio interior, como se dentro dela estivesse permanentemente a nevar.
Estava perdida neste labirinto de pensamentos, quando se apercebeu de que as pessoas que estavam mais perto dela se moviam apressadamente para longe dali. Ergueu a cabeça e viu caminhar para junto de si um homem, com roupas velhas, cabelo comprido e emaranhado, o rosto e as mãos sujas. Transportava um cesto de verga muito usado. No primeiro instante, sentiu um ligeiro receio.

Boas leituras!

A Um Deus Desconhecido, de John Steinbeck

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

| | | 2 Páginas
Sinopse: «As antigas crenças pagãs, as grandes epopeias gregas e os relatos da Bíblia servem de base a este romance extraordinário, que Steinbeck demorou cinco longos anos a escrever. Ao dar cumprimento àquele que sempre fora um dos grandes desejos do pai, criar uma quinta próspera na Califórnia, Joseph Wayne acaba por vir a acreditar que uma das mais belas árvores dessa quinta incorporou o espírito do seu progenitor. Os irmãos e respectivas famílias, que foram viver com ele, beneficiam dos êxitos e da prosperidade de Joseph, e a quinta vai-se de facto desenvolvendo - até um dos irmãos, assustado pelas suas crenças pagãs, decidir cortar a árvore, o que faz com que a doença e a fome se abatam de súbito sobre todos eles. A um Deus Desconhecido (1933) é um romance quase místico, que tem por tema central o modo como os homens tentam controlar as forças da natureza, e ao mesmo tempo compreender a sua relação com Deus e com o inconsciente.»


“A Um Deus Desconhecido” é a segunda obra que leio de John Steinbeck. O primeiro que li foi “A Pérola”, um livro muito pequeno e muito simples, de que gostei bastante.

“A Um Deus Desconhecido” é algo de que para dizer a verdade não estava bem à espera de encontrar, é uma espécie de simplicidade complexa… Como é que hei-de explicar?

Através da história da família Wayne, ficamos a conhecer inúmeras personagens entre elas Burton, Thomas, Rama, Elizabeth e Joseph. Personagens fortes e complexas; cada uma delas com um propósito, cada uma delas com um significado.
Joseph é o coração da família, e de certa forma, embora que numa procura constante, acaba por ser tudo e por tudo ser ele! Acaba por compreender o que não é exactamente compreensível aos Homens, e ouvir sem serem necessárias palavras. Vê algo que não é visível e alcança algo que não é tangível, e como tal, embora muitas questões tenham sido postas, muitas respostas tenham sido dadas e embora nos faça de facto pensar sinto que não me completou e não me satisfez completamente.
Isto é, reconheço a mestria e a beleza da escrita de Steinbeck mas sinto que desta vez não me alcançou da mesma maneira que “A Pérola”. Quer dizer, o problema é que não me consegui ligar ao protagonista e dessa forma houve algumas coisas que acho que falharam.
No fim, considero-o um bom livro, mas acho que talvez não fosse o meu Momento para o ler…

Mas eis uma das passagens que mais me disse:

“(…) a vida não pode ser cortada repentinamente. Uma pessoa não pode estar morta enquanto as coisas que alterou não tiverem morrido. Os efeitos que provocou constituem a única prova de que esteve viva. Enquanto se conservar uma recordação, ainda que dolorosa, uma pessoa não pode ser posta de parte, morta.”

Primeiras Aquisições do Ano!..

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

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Aqui ficam as primeiras aquisições do ano:















- A Um Deus Desconhecido, de John Steinbeck
- O Relatório Chapman, de Irving Wallace

Estavam com uns preços atractivos na feira do livro do Oriente ^^

Já li um livro de cada autor, estes serão os segundos... Espero gostar tanto como os primeiros (A Pérola e O Milagre) =D

Boas leituras***

A Travessia da Noite

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

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Como esta mulher sobreviveu ao terror de um campo de concentração
«(...) o 24 de Dezembro aproxima-se. Para me preparar para a data, desenhei com o meu lápis uma espécie de imagem. É o meu presépio. O menino jesus encosta-se a uma cruz, tem o dedo erguido para abençoar. Uma mulher deportada com o seu vestido de riscas e o seu lenço apoia-se nele. Sob o triângulo marcado com um "F", desenhei o número de matrícula: é o meu, 27372.»

Aqui, Geneviève de Gaulle Anthonioz, conta-nos na primeira pessoa momentos da sua vida, onde, nos é aberta uma janela para os campos de concentração e para a fragilidade e vulnerabilidade humana, assim como para a brutalidade e animalidade do Homem.

Relatos sobre os campos de concentração são algo que mexe particularmente comigo, porque não deixo de pensar "Como é que é possivel que isto tenha acontecido?, Como é que pudemos fazer isto uns aos outros?".
Portanto, aqui, e em qualquer outro relato de uma vitima é-nos exposto o horror da brutalidade humana em momentos que são realmente tocantes e quase inacreditáveis!

É uma obra muito pequena!... alguns momentos no campo, algumas memórias...
No entanto, é sem duvida um livro de emoções onde por mais breves que sejam os momentos sentimos não só o horror, o medo, o ódio, a dor e a revolta da autora, mas a de milhões de judeus.

A verdade é que quantidade não é qualidade e por isso, apesar de ser um livro muito pequeno, acaba por ser grande a nível de conteúdo, porque afinal há uma grande veracidade nos factos. Ver que alguém viveu aquilo ainda me choca e não deixa nunca de me tocar!

Não é uma obra prima, não! É uma memória nua e crua e por isso, é simplesmente aquilo que é... Alguns episódio da vida de alguém disponíveis ao Mundo...

Depois de Tu Partires

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

| | | 3 Páginas
Sinopse: «Alice Raikes dirige-se à estação de King’s Cross onde irá apanhar o comboio que a levará até à Escócia para visitar a sua família. Horas mais tarde encontra-se em coma no hospital de Londres, após um acidente que se suspeita ter sido uma tentativa de suicídio. A partir daqui, Alice começa a reconstituir o passado que lhe trará respostas para o sucedido»


Normalmente faço um breve resumo da história com menos spoilers possíveis antes de dar a minha opinião. Neste livro, contudo, prefiro não o fazer...


Nunca tinha lido nada de Maggie O'Farrell, nem sequer conhecia a escritora! O livro, contudo, chegou às minhas mãos com a promessa de que iria gostar. Pois bem, a verdade é que não gostei... Adorei!

É, contudo, um livro um tanto ou quanto pesado que levanta algumas questões! E foi, para mim, um daqueles livros íntimos!...
A história é-nos contada através de várias perspectivas e através de vários tempos, saltitando constantemente entre as vozes das personagens e o passado e o presente até que tudo conduz a um grande final onde tudo se entrelaça.
Na minha opinião este não é um grande livro de suspense, pelo menos para mim não o foi! As respostas podem ser encontradas cedo e no entanto não é isso que importa!

A escrita de Maggie O'Farrell é riquíssima em pormenores! É uma escrita poderosa e magnética! É uma escrita de sensações e emoções que nos sequestra nas suas palavras!
E tudo isto origina um livro também ele forte e poderoso sobre amor e relações, sobre dor e sobre perda! Um livro em que a partir de certo ponto o final já não importa. Não é viciante por querermos saber o desfecho, mas sim por toda a capacidade de O'Farrell em nos agarrar a Alice e a toda a história!

Deveria ser fácil falar sobre um livro que nos tocou, que nos foi intimo e que nos disse qualquer coisa não só pela sua leitura, mas também pelo leitor em si. Contudo, para mim pelo menos, não o é! E como tal, falta-me a mestria e as palavras que encontrei em O'Farrell para exprimir aquilo que este livro me disse e por isso, fica apenas a sugestão: Leiam!

Contudo, não é, apesar disso, um livro que recomende facilmente e a qualquer um! Acho que Maggie O'Farrell escreve maravilhosamente e conto ler as suas restantes obras, mas a verdade é que não é um livro fácil! Não só pela sua densidade e complexidade no enredo mas também pela concentração que ele exige, nas suas constantes analepses e trocas de personagens! No entanto, para mim, tudo isso enriqueceu bastante a obra, pois foi realmente importante e interligado inteligentemente até originar Depois de Tu Partires!
Adorei o livro! Adorei as personagens! Adorei a escrita!

Tocante, Perturbador, Viciante e Absorvente!
Puxou por mim e mexeu comigo!, mas já posso dizer que comecei bem o ano!

A Rainha no Palácio das Correntes de Ar

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

| | | 3 Páginas
Antes de mais e um pequeno à parte: As minhas sinceras desculpas por este mau começo de ano com uma ausência de duas semanas, mas a verdade é que este regresso à escola não foi fácil e andei um bocadinho zombie até acertar os sonos =/ E estive este tempo todo para conseguir acabar o ultimo livro do Larsson, o que é um crime! Mas espero daqui para a frente ter uma ritmo mais regular!

Sinopse: «Lisbeth Salander sobreviveu aos ferimentos de que foi vítima, mas não tem razões para sorrir: o seu estado de saúde inspira cuidados e terá de permanecer várias semanas no hospital, completamente impossibilitada de se movimentar e agir. As acusações que recaem sobre ela levaram a polícia a mantê-la incontactável. Lisbeth sente-se sitiada e, como se isto não bastasse, vê-se ainda confrontada com outro problema: o pai, que a odeia e que ela feriu à machadada, encontra-se no mesmo hospital com ferimentos menos graves e intenções mais maquiavélicas… Entretanto, mantêm-se as movimentações secretas de alguns elementos da Säpo, a polícia de segurança sueca. Para se manter incógnita, esta gente que actua na sombra está determinada a eliminar todos os que se atravessam no seu caminho. Mas nem tudo podia ser mau: Lisbeth pode contar com Mikael Blomkvist que, para a ilibar, prepara um artigo sobre a conspiração que visa silenciá-la para sempre. E Mikael Blomkvist também não está sozinho nesta cruzada: Dragan Armanskij, o inspector Bublanski, Anika Gianini, entre outros, unem esforços para que se faça justiça. E Erika Berger? Será que Mikael pode contar com a sua ajuda, agora que também ela está a ser ameaçada? E quem é Rosa Figuerola, a bela mulher que seduz Mikael Blomkvist?»


Bom, o que dizer sobre este ultimo volume da Trilogia Millennium?!
Continuamos a ser brindados com a mestria de Larsson em agarrar o leitor às páginas e tornar os seus livros verdadeiros page-turners!

A verdade é que este último volume foi confortável! Isto é, se no primeiro tive a novidade, o encanto e no segundo tive a obsessão e a rendição, neste ultimo e terceiro volume, se é certo que, sem duvida, Adorei! o que senti mais foi uma sensação de conforto em relação à escrita. Foi mais calmo, já conheço melhor o autor "e o autor a mim" e cria-se ali uma zona em que nos encaixamos no livro.

Neste volume temos Lisbeth Salander presa, na maior parte do tempo no hospital, e todo o trama gira à volta daqueles com que Lisbeth pode contar para a ajudarem e à volta de agentes da Sapo que fazem de tudo para encobrir a sua trapalhada e existência! Desta vez para além dos habituais protagonistas temos mais aprofundada Erika Berger! - quem gostei muito de conhecer melhor!
Sem entrar em grandes spoilers, posso dizer que gostei imenso do livro e que este não me desiludiu. É o livro onde acabamos com as pontas soltas e que todas as respostas aos mistérios colocados neste e no volume anterior são aqui respondidas! Temos por fim, toda a história de Lisbeth e todos os porquês! E se há pouco classifiquei o livro como calmo, não foi no sentido definitivo mas sim comparativo. Pois a verdade é que temos na mesma momentos de tensão, roer de unhas e de cair o queixo... mas é mais calmo sim, se comparando com o anterior!
No entanto, a verdade é que o livro custou a acabar por não ter conseguido ler nestes últimos dias, o que me quebrou um bocadinho o ritmo!...
Todavia, fiquei rendida a Larsson e incrivelmente surpreendida!
Rendida a Larsson e às suas personagens, em especial Lisbeth! Muito cresceu e mudou ou simplesmente a ficámos a conhecer melhor, mas a verdade é que é das minhas personagens favoritas!

Adorei!!!, sinceramente! Conquistou-me e queria mais! Mais Lisbeth, mais Mikael, mais Erika, mais todos! E a verdade é que não sendo para ser uma trilogia acabou por ter um bom final e bastante satisfatório, eu acho!

É uma trilogia mais que recomendada! Simplesmente Brutal - em todos os sentidos da palavra!

E aqui fica uma aberta para tentar novos policiais, eu que não gostava do género!

Balanço de 2010 e Objectivos/Desafios para 2011

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

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Antes de mais, queria desejar a todos os que visitam aqui este cantinho Um Bom Ano Novo!!! Que entrem todos com o pé direito e que este ano seja ainda melhor que este anterior!


Balanço de 2010 e Objectivos/Desafios para 2011:
Bom, comecemos pelo inicio, ou seja, 2010:
O único desafio a que me propus para este ano foi conseguir atingir os 50 livros!... Posso dizer desde já que foi algo que não consegui concretizar ficando-me apenas pelos 35 livros... Mas uma vez que o numero que estabeleço no inicio do ano serve apenas para motivação e não como obrigação, não o ter atingido não é mal maior…

No entanto, foi o ano em que li mais géneros literários! Foi um ano com grandes livros e algumas surpresas! Ao todo, nem foi um mau ano a nível literário! O meu top é de 10 (+/-) em 35 o que é positivo.

Top:

- Invisível, de Paul Auster
- Tim, de Colleen McCullough
- Siddartha, de Herman Hesse
- A Herança Bolena, de Philippa Gregory
- A Ilha, Victoria Hislop
- Ensaio sobre a Lucidez, de José Saramago
- Saga do Assassino, de Robin Hobb
- Os Pilares da Terra, de Ken Follett
- Os Homens que Odeiam as Mulheres, de Stieg Larsson
- A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo, de Stieg Larsson


E agora 2011!:
Neste ano pretendo estabelecer mais desafios do que no ano anterior, com o objectivo de abrir horizontes e crescer como leitora.
Todos eles, ou pelo menos a maior parte, foram pensados tendo em conta os anos anteriores.

E os desafios/objectivos serão os seguintes:
- Comprar no máximo 12 livros (em média 1 por mês);
- Acabar 2011 com menos de 171 livros por ler (de modo a diminuir a actual pilha);
- Ler tantos (10) ou mais géneros literários que em 2010;
- Ler pelo menos um livro em inglês (o único que tenho por casa é o Dracula...)
- Ler mais autores portugueses (aqui queria ler mais de autores que já conheço, experimentar pelo menos mais dois autores novos, sendo um deles António Lobo Antunes)
- Ler pelo menos um Nobel (Estava a pensar em Mario Vargas Llosa)
- Ler pelo menos um novo escritor latino-americano (Gabriel Garcia Marquez, talvez)
- Tenho a colecção d'Os Cinco por casa - e queria ler alguns!...
- E agora, Importante: Não começar mais sagas ou trilogias (o que não invalida ler as que já tiver comprado). Este, confesso, será talvez dos pontos mais difíceis! Mas... Humm...Vá...Quem é que eu estou a tentar enganar?! Se calhar só uma?! xD
- E por fim, volto a estabelecer o desafio dos 50 livros! Mas mais uma vez, é só um numero!...

Tudo isto são apenas desafios pensados e estabelecidos por mim, de modo a tentar ganhar alguma coisa com eles! Contudo, não tenciono que me limitem ou definam o ano em termos literários! No entanto, vou fazer por cumpri-los o melhor que puder!

A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo

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Sinopse:«Neste segundo volume da trilogia Millennium, Lisbeth Salander é assumidamente a personagem central da história ao tornar-se a principal suspeita de dois homicídios. A saga desenvolve-se em dois planos que se complementam e só a solução do primeiro mistério trará luz ao segundo: Há que encontrar os responsáveis pelo tráfico de mulheres para exploração sexual para se descobrir por que razão Lisbeth Salander é perseguida não só pela polícia, mas por um gigante loiro de quem pouco se sabe.»


Acabei agora este segundo volume da Trilogia Millennium e ainda estou a tentar recuperar o fôlego! Completamente alucinante!

Bem, mas tentando pôr as ideias em ordem e começar pelo inicio:
Neste segundo volume temos Lisbeth Salander a ocupar o papel central do trama ao ser acusada de triplo homicídio! Entretanto, Mikael Blomkvist continua o seu trabalho como editor na revista Millennium, onde se preparam para editar outra grande Bomba: um artigo e livro de um dos seus freelancers relacionados com tráfico de mulheres e exploração sexual, desmascarando várias figuras públicas! No entanto, quando Lisbeth é acusada do assassínio do autor do livro e da sua namorada (amigos de Mikael), Blomkvist acredita firmemente na sua inocência e inicia uma investigação tentando encontrar o verdadeiro assassino!
Ao longo de toda a investigação, quer policial, que por parte de privados, encontramos alguns amigos de Lisbeth, verdadeiros amigos!, que apesar de não conhecerem o passado dela e serem apanhados desprevenidos com as revelações dos jornais e da policia, continuam a acreditar na sua inocência e fazer o que estiver ao seu alcance para poder prová-la! Apesar de ser tão associal e tão "esquisita", tão diferente, podemos ver que tem verdadeiros de amigos, mesmo que consciente ou inconscientemente faça por afastá-los!

Confesso que o inicio do livro foi um bocadinho mais parado! O que para dizer a verdade não me incomodou particularmente. Primeiro porque já estava um bocadinho à espera, porque no primeiro, apesar de page-turner, no inicio não foi obsessivo! Achei que o mesmo sucedeu aqui! E segundo: uma vez que li tantas páginas de seguida e estava, mesmo assim, tão embrenhada na leitura que rapidamente passei esse momento inicial e depressa me vi o meio do caos! Assassínios, investigações, suspeitas, esquemas! E é aqui que começa a corrida para caçar Lisbeth e o torneio pela verdade! Um jogo perigoso em que temos de pensar muito bem sobre todas as jogadas e os seus riscos!
Somos brindados com Mistérios, Surpresas e Reviravoltas (numa dose reforçada) que me apanharam totalmente desprevenida e que me fizeram cair o queixo - nem fazem ideia como!
É suspense até ao fim!
Stieg Larrson tem, sem duvida, um dom! E se a partir de certo ponto se torna totalmente viciante e impossível de pousar, o final faz-nos esquecer de respirar!!!
Mais uma vez, as coisas não são exactamente aquilo que parecem!

As personagens continuam neste volume completamente reais e credíveis e Larsson, tal como anteriormente, coloca-nos numa posição em que vemos tudo isto como completamente possível!


Brilhante! Viciante! Credível! Breathtaking!
Um thriller excelente, sem dúvida!!!

Parto agora para o terceiro volume! Até porque o final deste segundo não deixa opção possível senão mesmo a leitura do livro seguinte!

Os Homens que Odeiam as Mulheres

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

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Sinopse: «O jornalista de economia Mikael Blomkvist precisa de uma pausa. Acabou de ser julgado por difamação ao financeiro Hans-Erik Wennerstom e condenado a três meses de prisão. Decide afastar-se temporariamente das suas funções na revista Millennium. Na mesma altura, é encarregado de uma missão invulgar. Henrik Vanger, em tempos um dos mais importantes industriais da Suécia, quer que Mikael Blomkvist escreva a história da família Vanger. Mas é óbvio que a história da família é apenas uma capa para a verdadeira missão de Blomkvist: descobrir o que aconteceu à sobrinha-neta de Vanger, que desapareceu sem deixar rasto há quase quarenta anos. Algo que Henrik Vanger nunca pôde esquecer. Blomkvist aceita a missão com relutância e recorre à ajuda da jovem Lisbeth Salander. Uma rapariga complicada, com tatuagens e piercings, mas também uma hacker de excepção. Juntos, Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander mergulham no passado profundo da família Vanger e encontram uma história mais sombria e sangrenta do que jamais poderiam imaginar.»

De maneira geral não gosto muito de policiais! É o género literário que menos leio e que dificilmente me vejo a comprar. Aliás, faz quase 3 anos desde a última vez que li um... Talvez não tenha começado com o melhor pé e a verdade é que ainda não experimentei grandes nomes como Agatha Christie e Sir Arthur Conan Doyle.
Contudo, e apesar deste meu pouco interesse por este género literário peguei nesta obra de livre e espontânea vontade. Vi o filme quando este saiu e gostei bastante, chamando-me então à atenção para a trilogia Millennium a que resolvi dar uma hipótese. E só posso dizer uma coisa: Touché!

Não consigo explicar bem o meu desinteresse por policiais, mas simplesmente não me cativam... No entanto, há que reconhecer um bom livro quando se vê um! E, policial ou não, "Os Homens que Odeiam as Mulheres" foi um dos poucos que me fez ler noite dentro até às 4, 5 da manhã e obrigar-me a pousá-lo para ir dormir!


Temos então a história de Mikael Blomkvist, um jornalista económico, que se vê metido numa trapalhada tremenda, onde depois de expor um grande empresário e ver que toda a informação era falsa, é acusado de difamação e condenado a três meses de prisão! É, juntamente com Erika Berger, fundador da revista Millennium, onde publicou o artigo que o levou à cadeia, e de forma a não prejudicar ainda mais a revista decide afastar-se por uns tempos. No entanto, é nessa altura que recebe uma proposta de um importante industrial, Henrik Vanger. Vanger convence então Mikael a aceitar o trabalho, onde tem como função descobrir quem assassinou a sobrinha-neta do industrial, Harriet Vanger, há quase quarenta anos atrás. No entanto, a sua verdadeira missão é mantida em segredo e para a população de Hedeby, o jornalista tem apenas como função escrever uma crónica familiar da familia Vanger! No decorrer desta investigação junta-se a Mikael Blomkvist, uma jovem invulgar e que não se encaixa na sociedade, Lisbeth Salander!


Eu já tinha visto o filme e como tal já sabia o desfecho, contudo, posso mesmo assim assegurar que é um final que não esperamos!
Toda a história é um puzzle e só a pouco e pouco é que conseguimos juntar as peças e solucionar o mistério!
Achei as personagens bastante consistentes e reais. Foi portanto fácil criar uma ligação com os protagonistas e não nos irritarmos perante a estupidez deles, antes pelo contrário! Estamos na presença de personagens bastante inteligentes e perspicaz, onde chegam a pensar mais rápido que nós, não nos deixando espaço para desesperar enquanto descobrimos algo 15 folhas antes deles, como tantas vezes acontece!


Lisbeth, a minha personagem preferida, é bastante complexa! Uma inadaptada social mas muito especial! É bastante reservada e como tal existem ainda muitas perguntas não respondidas! Pode ser rígida quanto aos seus princípios e não ver as coisas nem funcionar da mesma forma que o resto da sociedade, mas é uma personagem forte e engenhosa que aprendeu a cuidar de si própria sozinha, devido a um passado bastante turbulento! Duma profundidade e complexidade incrível!

A família Vanger é muito peculiar, do mais complexo e disfuncional que existe, com lutas e ódios acesos entre vários membros da família, levando a um clima de incrível tensão e desprezo! Todos dizem abertamente o que pensam, mas no entanto, terríveis segredos foram escondidos durante décadas!

A resposta a todo este mistério é muito mais complexo e sombrio do que esperavam e também bem mais perigoso e macabro! Portanto há um grande "BUM" a explodir sobre a cabeça do leitores!
Todo o livro são reviravoltas, reviravoltas e mistérios! Respostas onde menos se espera!
Um livro onde nada nem ninguém é exactamente aquilo que parece!!!


Só posso mesmo dizer que este livro me agarrou e satisfez bastante!
Foi lido a um ritmo alucinante e mais que um page-turner este livro vicia-nos e não nos deixa pousá-lo até chegarmos à ultima palavra!
Recomendo!!!

Gostei mesmo bastante e os restantes dois serão lidos, de certeza!

Prendinhas de Natal...

domingo, 26 de dezembro de 2010

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Aqui estão as minhas últimas aquisições!
Um Obrigada ao Pai Natal! =P













- Harry Potter e a Ordem da Fénix, de J. K. Rowling
- Harry Potter e o Príncipe Misterioso, de J. K. Rowling
- Harry Potter e os Talismãs da Morte, de J. K. Rowling
(e o vício continua... eheh)
- Hotel Mundo, de Ali Smith

Eeee...!


- John Lennon nunca morreu e outros contos fantásticos, de Catarina Coelho!
(com direito a dedicatória ^^ Um enorme obrigada à Catarina!)

E mais uma vez, se estiverem interessados em adquirir um exemplar têm toda a informação disponível aqui, =D







Portei-me bem este ano =P


Ah! Eu sei... Venho um bocadinho atrasada mas... BOAS FESTAS!, pessoal!!!

John Lennon Nunca Morreu, de Catarina Coelho

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

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"John Lennon Nunca Morreu e outros contos fantásticos" é uma obra da autoria de Catarina Coelho, a ser publicada pela Chiado Editora!
Aqui vos deixo então a capa e algumas sinopses parciais, disponíveis na contracapa, para "abrir o apetite"!
O livro será apenas lançado para o ano, no entanto está já disponível para venda através do blogue dedicado à obra. Toda esta informação está disponível no blogue, assim como mais detalhes em relação à venda do livro, novidades e curiosidades!
Para acederem ao blogue basta clicar aqui.
Está ainda disponível uma página no facebook (aqui) onde poderão seguir o livro!


Sinopses parciais (texto da contracapa):

Este livro apresenta sete contos que conjugam fantasia, magia, sobrenatural e improvável. Entrando directamente na mente e nas emoções das personagens, cada história procura ser, ao mesmo tempo, visão imaginária e reflexo de sentimentos.

John Lennon nunca morreu - A história de um fã entusiástico dos Beatles, que não se conforma com a grande perda sofrida pela música com a morte de John Lennon e decide fazer alguma coisa quanto a isso.

A Troca - Stella e Charlotte vivem perto de uma floresta ancestral. Nela, existem forças que reinam soberanas. E desafiá-las pode ter consequências inesperadas…

Pequenos demónios - Após anos de ausência, a protagonista deste conto regressa à casa onde cresceu e descobre como o passado, que julgava completamente morto e enterrado, pode tornar-se assustadoramente vivo e presente.

O Sacrifício - Um monge cristão chega a um território onde a fé é a dos velhos deuses e o choque com a nova crença é inevitável. Quando o amor acontece e ameaça abalar a velha ordem, homens e deuses vêem-se envolvidos numa disputa cujo preço pode ser demasiado alto…

E nada mais importa - Mesmo quando o coração se julga nulo e insignificante, o bem que fazemos pode dar sentido a toda uma vida e um simples gesto de caridade pode fazer toda a diferença...

Espelhos - Elizabeth odeia a hipocrisia que reina entre os convidados para o baile de Whitestone, a forma como escondem entre sorrisos e cortesias os seus maiores defeitos. Mas, um dia, será ela a organizadora desse baile e decidirá preparar para os seus convidados uma surpresa que eles nunca esquecerão…

Espírito da Natureza - Em Green Oaks, celebra-se a festa das colheitas, junto do castelo do senhor daqueles domínios. Mas os festejos são perturbados por um acontecimento misterioso, que abalará a paz daquela terra e fará a comunidade perceber que há forças maiores em jogo…


Digam lá se não dava uma boa prendinha de Natal?!.. Eu já mandei vir o meu exemplar!

Vida Interrompida

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

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Sinopse: «Susanna Kaysen, 18 anos, após uma sessão com um psiquiatra a quem nunca vira antes, foi metida num táxi e enviada para o hospital de McLean. Passou quase dois anos no pavilhão para jovens adolescentes desse hospital psiquiátrico, tão famoso pela sua clientela de celebridades - Sylvia Plath, Robert Lowell, James Taylor e Ray Charles - como pelos métodos progressistas de tratamento a quem se podia dar ao luxo de pagar aquele santuário.
O relato de Kaysen junta o horror e a percepção crítica aos brilhantes retratos que traça das suas companheiras e guardas. É uma evocação dramática de um "universo paralelo", numa paisagem caleidoscópica e mutável. Vida Interrompida é um documento clarividente, inflexível, que confere uma nova dimensão às nossas definições de sanidade e insanidade, de doença mental e recuperação.
Kaysen não se propõe fazer moral nem impor pontos de vista; deixa esse julgamento ao rigor das palavras, ao poder da escrita e ao silêncio entre os capítulos.»

Esta é a história de Susanna Kaysen, um registo autobiográfico, contado na primeira pessoa. A vida de Susanna, durante os dois anos que esteve internada, é-nos contada em analepses, não seguindo por isso uma linha temporal rigorosa e dando liberdade à autora para saltitar no passado – o que poderá por vezes causar alguma confusão e desorientação. A acção decorre nos Estados Unidos dos anos 60, no hospital psiquiátrico McLean.

Susanna Kaysen aos 18 anos, após uma tentativa de suicídio, foi diagnosticada com uma doença de carácter ou doença de personalidade e por isso internada numa unidade psiquiátrica.
Os capítulos são bastante curtos, o que acelera, só por si, o ritmo de leitura, e neles são retratados momentos e situações que Susanna viveu enquanto esteve internada e onde a narradora nos mostra a grande guerra que trava – consigo mesma!

Neste livro é-nos mostrada então a realidade de um hospital psiquiátrico (privado – e faço referencia a isto porque acredito que seja relevante, pelo menos a nível das condições) onde Susanna se encontra internada com outras mulheres que acabam por se tornar suas amigas – Polly (esquizofrénica), Cynthia (depressiva), Georgina (esquizofrénica) e Lisa (sociopata).
A autora mostra-nos então neste registo esta realidade, que chega a designar como universo paralelo:
“É fácil entrar num universo paralelo. Há tantos: o mundo dos loucos, dos criminosos, dos deficientes, dos moribundos, talvez dos mortos também. São mundos que coabitam com o mundo e que se lhe assemelham, mas que não estão nele.”

Achei muito interessante ver relatado nua e cruamente a realidade de um hospital psiquiátrico, sem grandes floreados e com uma ponta de humor negro – que apreciei bastante.
Confesso que se não soubesse que isto se passava nos anos 60 poderia muito enquadrar o decorrer da história nos tempos de hoje.

Ler este livro e colocar-me no lugar da protagonista fez-me colocar várias questões que também ela colocou a si própria e foi claramente visível a existência de uma linha muito ténue que separa a insanidade e a sanidade e que é bastante difícil de traçar ou definir! Gostei muito do debate interno e das reflexões pois também a mim me fizeram pensar. E mesmo na questão do suicídio chega a ser elucidativo em alguns aspectos. Para além de que foi assustador conseguir compreender aquela mente, levando-me por momentos a perguntar “Estarei também eu louca?”.

Apesar de não ser bem o que esperava inicialmente e de certa forma não ter sido muito chocada com as situações – sendo neste aspecto mais leve do que o que pensava – aquilo que me foi apresentado a nível psicológico compensou bem esse facto.

Resumindo: Gostei muito!
(Também já vi o filme e confesso que apesar de todo o elenco, do qual gostei bastante, a adaptação ficou aquém do que esperava e está, sem duvida, muito díspar da obra. E, por isso, não me impressionou nem agradou por aí além).

E deixo aqui algumas passagens que apontei:
“A minha fome, a minha sede, a minha solidão, o meu tédio, os meus medos (…) faziam-me sofrer, mas retirava imenso prazer do meu sofrimento. Eram a prova da minha existência.” (pág. 42)

“Colheres de lata, amolgadas, a transbordar de algo que devia ser doce mas era amargo, e que partia, que passava, sem o saborearmos: as nossas vidas.” (pág. 55)

“Esses pensamentos tiveram outrora um significado. Devem ter significado o que as palavras diziam. Mas a repetição embotou-os. Tornou-os música de fundo gravada de temas autodestrutivos.” “Endógena ou exógena, inata ou suscitada – eis o grande mistério da doença mental.” (pág. 77)

“De certo modo, éramos livres. Tínhamos chegado ao fim da linha. Não tínhamos mais nada a perder. A nossa privacidade, a nossa liberdade, a nossa dignidade – tudo isso desaparecera. Estávamos reduzidas ao âmago de nós próprias.” (pág. 91)

“Se as nossas famílias deixassem de pagar, nós deixaríamos de poder estar e éramos lançadas, nuas, ao mundo onde deixáramos de saber viver. Passar um cheque, fazer um telefonema, abrir uma janela, fechar uma porta – eram apenas algumas das coisas que todas nós esquecêramos como se faziam.” (pág. 92)

“Se eu, que dantes me revoltava, estou agora tão longe do meu eu louco, vocês que nunca se revoltaram, quão distantes estarão, e quão mais profunda não será a vossa revolta?” (pág.117)