«O BOM LIVRO É AQUELE QUE SE ABRE COM INTERESSE E SE FECHA COM PROVEITO»

AMOS ALCOTT

Marina, de Carlos Ruiz Zafón

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

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«Marina disse-me uma vez que apenas recordamos o que nunca aconteceu. Passaria uma eternidade antes que compreendesse aquelas palavras. Mas mais vale começar pelo princípio, que neste caso é o fim.» «Em Maio de 1980 desapareci do mundo durante uma semana. No espaço de sete dias e sete noites, ninguém soube do meu paradeiro.» «Não sabia então que oceano do tempo mais tarde ou mais cedo nos devolve as recordações que nele enterramos. Quinze anos mais tarde, a memória daquele dia voltou até mim. Vi aquele rapaz a vaguear por entre as brumas da estação de Francia e o nome de Marina tornou-se de novo incandescente como uma ferida fresca. «Todos temos um segredo fechado à chave nas águas-furtadas da alma. Este é o meu.»




“Marina” é já o terceiro livro que leio de Carlos Ruiz Zafón.
O primeiro que li foi “A Sombra do Vento” - que simplesmente adorei - e o segundo “O Jogo do Anjo” que também gostei bastante mas não atingiu, para mim, a qualidade do primeiro. Por isso, parti para “Marina” com as expectativas moderadas, até porque este livro embora apenas tenha sido editado em Portugal agora, foi escrito e editado no original antes d’”A Sombra do Vento” e d’”O Jogo do Anjo”.

É um livro muito mais pequeno e mais simples que os outros dois e, penso que, também mais negro!

Existem duas linhas condutoras ao longo do livro: a relação entre as personagens principais – que apesar de tudo não ganha grande relevo – e o caminho que as personagens fazem para desvendar o mistério com que se deparam quando começam a ser confrontados com estranhos e inexplicáveis acontecimentos (capazes de mexer com os nervos de qualquer um), que começam depois de perseguirem uma misteriosa dama, toda ela envolta em vestes negras.
As personagens passam então a percorrer Barcelona em busca de respostas e a juntar as peças do puzzle, uma a uma, até desvendarem finalmente um segredo de 30 anos.

Pessoalmente, achei alguns aspectos bastante previsíveis – como o quem é quem – havendo outros, no entanto, que tive de esperar que fossem revelados para os descobrir - como o “porquê” e o “como” dos tais acontecimentos inicialmente inexplicáveis.

Confesso que o lado negro deste romance, que talvez possa considerar dentro da fantasia urbana, não me agarrou nem agradou particularmente e por alguns momentos durante a história juro que me lembrei do “Frankenstein” de Mary Shelley… (pode ser talvez uma comparação estúpida, mas foi isso que, de facto, certos aspectos me fizeram lembrar).

Gostei do Germán e da Marina. No entanto, o Oscar, ao contrário dos usuais protagonistas não me disse muito enquanto personagem…

O autor já aqui punha em prática algo característico nas suas histórias: o relacionamento do passado com o presente e como eles se cruzam e repetem através de diferentes personagens. E, por isso, o final para mim era já de esperar.

Resumindo, gosto bastante do autor e da forma como ele escreve – acho que me envolve e cativa – mas no entanto e apesar disso, não achei esta sua obra nada de especial. Tive alguns momentos que apreciei, é certo, mas num todo não considero o livro tão bom como os anteriores…
Gostei e leu-se muito bem, mas acho que lhe faltou qualquer coisa!

Não é um mau livro, atenção!, mas uma vez tendo lido os outros dois a comparação é inevitável, e desta forma é também inevitável não considerar "Marina" inferior, apenas isso...

4 Páginas:

Jojo disse...

Olá Estrela!
Adoro o novo visual! E ainda bem que voltaste... Já tinha saudades!:)
Zafon é dos meus próximos autores. Tenho a Sombra do Vento para ler. Será a minha estreia!

BJinhos*

PS: Sabes porque não apreço na lista de seguidores do teu blog? É que eu o sigo ( atentamente).

Viajante disse...

Olá Jojo! =D
Obrigada!! É bom estar de volta! =) e confesso que também tive saudades!

Eu achei a Sombra do Vento simplesmente fantástico, um dos meus livros favoritos :D Tenho quase a certeza de que vais gostar!

Tenta fazer Seguir outra vez, porque o outro blog, o antigo, não é este... eu mudei-lhe o link e bloqueei-o, por isso, este link ficou livre eu pude construir um novo, embora o tema e o nomes sejam os mesmos xD, e assim, o que na realidade continuas a seguir é o outro...

Beijinhos**

Sofia* disse...

(Primeiro, tenho só que dizer que só não vim cá ler a tua review antes porque estava a acabar o trabalho sobre este livro e não queria ser influenciada antes de acabar...)

Ainda não li os outros, mas estou a pensar ler pelo menos "A Sombra do Vento", pelo que ouvi parece ser mesmo o melhor do autor. Mas digo que "estou a pensar em ler" porque, de facto, este livro não me agarrou muito (também é verdade que tinha expectativas muito altas... =/), só mesmo pela linguagem que o autor usa. Quando comecei, não pensei que fosse nada do estilo de fantasia, então do tipo de "Frankenstein" (como tu referiste) não faz mesmo o meu género. E já que falaste em "Frankenstein" de Mary Shelley, acho que tenho uma boa ideia de onde o autor foi buscar o nome de uma certa personagem... LOL

Fiquei um pouco decepcionada, mas espero que "A Sombra do Vento" consiga colmatar um pouco essa falha. Se não, valeu a pena a experiência!

Viajante disse...

Confesso-te que quando parti para a "Marina" também não estava nada à espera do que encontrei!
"Frankenstein" é um clássico e um livro de que gostei bastante, mas no entanto, neste caso, quando digo que me fez lembrar a obra de Mary Shelley, não o digo, de facto, como elogio :/
Sim, xD, realmente, onde terá sido que ele teve a ideia para o nome da personagem? lool

Como já sabes, eu sou grande apreciadora de fantasia (no entanto, é mais fantasia épica e não tanto fantasia urbana, o meu estilo) mas acho que o livro não me convenceu. "A Sombra do Vento" eu achei simplesmente fenomenal! "O Jogo do Anjo", já é mais dark e já mete um bocado de fantasia e também já gostei menos... (fico sempre de pé atrás com a fantasia neste autor lol)

Mas pronto, eu também não sei se ficaria convencida com o autor se este fosse o primeiro livro que lesse dele...
Eu adoro a escrita dele, mesmo! Embála-nos, enfeitiça-nos, há como que magia nas palavras (e depois há: Barcelona :P) por isso não deixes que este livro o defina!

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